sexta-feira, outubro 02, 2009

Alemanha

Há 20 anos, o muro de Berlim caía e a reunificação alemã iniciava-se.

Ontem, na Embaixada alemã em Paris, uma festa celebrou, por antecipação, esse histórico momento em que uma nova Europa estava a começar. Todos parecem reconhecer hoje as virtualidades desse passo político e o modo como ele veio a contribuir para a estabilidade europeia. O que viria a ocorrer depois, no Centro e no Leste do continente, completou o fim da traumática divisão alemã e consagrou a própria reunificação política do continente, simbolizada nos alargamentos da União Europeia e da NATO.

Mas nem sempre foi assim. Ao tempo da queda do muro, muitas dúvidas se levantavam ainda sobre qual iria ser o destino dessa nova Alemanha, se o seu histórico tropismo para Leste suplantaria a força das alianças que entretanto gizara a Oeste. Alguns mantinham ainda o cínico dito do pós-guerra: "gosto tanto da Alemanha que até prefiro que existam duas!".

O tempo veio a provar que tais reticências eram totalmente infundadas e que a evolução da Alemanha se fez num sentido consonante com os interesses da unidade europeia, para a qual muito contribuiu e de que continua hoje a ser um dos principais esteios.

2 comentários:

JMCPinto disse...

Meu Caro

No local onde estou não tenho condições para grandes tiradas.Acho que o post é politicamente correcto, mas deixa inexploradas as principais consequências (presentes e futuras) da reunificação alemã relativamente à União Europeia.
Quando tiver oportunidade volto ao assunto...com factos. Para não haver qualquer tipo de mal-entendido nada tenho contra a reunificação alemã. Pelo contrário. Contra eram a França e a Inglaterra.

José Barros disse...

Lembro-me perfeitamente ter discutido com dois jovens alemães em estágio em Paris, umas semanas antes da queda do muro de Berlim, sobre uma hipotética reunificação das “duas Alemanhas” e eles me terem dito que uma tal hipótese estava fora de questão. Pareceu-me mesmo tratar-se de um tema dogmático sobre o qual não havia discussão possível... Não sei se a queda do muro surpreendeu as “altas esferas”; mas para a maioria do povo foi uma surpresa como as que qualquer sismo provoca e ninguém sabia muito bem onde procurar um novo equilíbrio. A dita perestroika de Gorbatchev com a sua abertura provocara já um estrebuchar em vários pontos da URSS e as populações da Alemanha de Leste não ficaram indiferentes. Assim, nas semanas que precederam a queda do muro, milhares de refugiados da RDA passavam as fronteiras e eram recebidos pelos países vizinhos perante os olhares atónitos dos observadores. Mas ninguém ousava acreditar nas proporções que aquele desencadeamento iria tomar. O próprio Mitterrand com a sua experiencia e visão política também não previa tal saída... Jacques Attali, no seu Verbatim III esclarece que a 2 de Outubro de 1989, trinta e sete dias antes da queda do muro, Mitterrand confidenciou-lhe a propósito que “Ceux qui parlent de réunification allemande ne comprennent rien. L’Union soviétique ne l’acceptera jamais. Ce serait la mort du Pacte de Varsovie: vous imaginez ça? Et la RDA, c’est la Prusse. Elle ne voudra pas passer sous la coupe de la Bavière”.
Et pourtant…
A rapidez do processo, a forma como tudo se passou, a própria actuação de Gorbatchev e dos políticos da época deixa-nos uma leitura cuja complexidade que não será fácil compreender sem a dimensão dos dados de então...

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