sábado, maio 14, 2011

"Homens da luta"

Não sei (nem me interessa, confesso) se esta minha afirmação vai parecer pouco patriótica a alguns, mas ao passar ontem pela cobertura televisiva do famigerado festival da Eurovisão, não senti a menor saudade pelo facto de por lá já não ver os "Homens da Luta", o grupo "musical" que, aparentemente, terá sido escolhido para representar um certo Portugal (digo "um certo", porque me não representou a mim, pelo menos) nesse certame.

Há alguns tempos, menos bons, em que os povos se envolvem em atitudes de pungente auto-flagelação, que conduzem à consequente degradação da sua imagem, à revelação de facetas de si próprios que o bom gosto, e até um mínimo de urbanidade, recomendaria fossem mantidos em pudico recato.  Esses são também os momentos em que, por exemplo, vemos o léxico público descer dos limites recomendáveis de salubridade verbal, em que o abandalhamento parece tomar conta de alguns discursos. Quando assistimos, infelizmente já sem nos surpreendermos, ao nível a que desceram certas "queima das fitas", bem como à escolha das figuras musicais que são convocadas para animar algumas alarves libações, isso diz-nos bastante sobre o país que hoje, infelizmente, (também) somos.

Neste campo, devo dizer que só com um imenso esforço de imaginação seria possível escolher melhor, como representação caricatural daquilo que alguns estrangeiros sempre pensaram de nós, uma "euro-visão" do nosso país como aquela que os "Homens da Luta" por aí apresentaram. E mais não digo, porque isto é triste, porque isto existe, porque isto é (o nosso) fado.   

18 comentários:

Anónimo disse...

O facto de esses senhores terem sido escolhidos para representar o nosso país nesse festival já é, em si mesmo,um indício sobre os critérios de quem os escolheu.Chamar"aquilo" canção de intervenção é quase ofensivo para os que,de facto, foram,e alguns continuam a ser autores e interpretes desse género.
E, para não variar, tudo isto foi promovido acriticamente pela comunicação social que,além do mais,achou "gracinha"a imagem que deram de Portugal.
Por isso, mais uma vez, Senhor Embaixador, estou consigo.
EGR

Anónimo disse...

nao sei se posso estar de acordo.
mas de qq maneira nao penso que o festival da cancao possa representar a ideia que tenho de europa. Ou talvez sim...
nao e que me identifique com os tais homens da luta, mas aqueles fatos platinados e cancoes de plastico do resto da europa deixam muito a desejar.
e sera assim tao apolitico que a alemanha inglaterra franca italia e espanha passem directamente a final...

mas nao me diga que estava ha espera de um ary dos santos, sr embaixador?

a juventude agora quer é as nets...

Anónimo disse...

Mais uma vez o acompanho. O que me apetecia dizer, mas que não é politicamente correto é - Este povinho a que pertencemos é "reles".

Rui Franco disse...

O problema com esta nossa representação não é tanto a qualidade da mesma mas sim a incapacidade para perceber uma coisa muito simples: aqueles "cromos" não dizem nada aos estrangeiros. Nós rimo-nos dos Homens da Luta porque os identificamos com as personagens do 24A e do PREC. Para os estrangeiros (que, naturalmente, não conhecem a nossa História - muito menos a um nível de "rua"), os HdL não passam de uns tipos que parecem uns Village People mas sem músicas giras...

Rui Franco disse...

Relativamente à qualidade da música dos Homens da Luta, dei por mim ontem a pensar várias vezes "A nossa música não era mais gira?". Mais uma vez, o tipo de sonoridade da nossa canção não gera identificação em quem não conheça os nossos sons tipo "Carvalhesa".

E, quando me lembro da monótona e desinteressante canção que os nossos especialistas se preparavam para enviar (não fosse o "golpe de mão" popular), acabo por pensar que os HdL foram uma ferramenta para gozar contra os "júris" e, no fundo, contra uma Eurovisão que sempre nos tratou mal (meu Deus, quantas GRANDES canções já enviámos nós?).

Finalmente, houve um toque de oportunismo. Para muita gente, a vitória dos finlandeses Lordi serviu de inspiração: "Eles gozaram e ganharam. Nós podemos fazer o mesmo". Só que, na Finlândia, o Hard'n'Heavy (ainda que em versões açucaradas) faz parte da cultura nacional, já. Os Lordi (e os Finlandeses) não gozaram com a Eurovisão: eles enviaram uma canção de um tipo que eles ouvem diariamente. A Europa gostou mas também há que perceber que a Europa ouve e gosta de Hard'n'Heavy e uns monstrinhos à mistura dão sempre uma certa graça...

Anónimo disse...

Pois eu concordo na integra
e senti exatamente o mesmo, e também coro de vergonha quando a seriação das canções para o festival da canção Portuguesa se dá a estas frescuras e facilitismos sem o rigor das fronteiras da liberdade versus a inconsciência para a libertinagem e o toca a javardar em representações coletivas.

Pelo menos que dessem os seus nomes próprios e que não se outorgassem o direito excluindo o dever e a responsabilidade da representatividade de um País .

Se me permite subscrevo-O com admiração, assim como Ao sr... EGR, além de quem me dera um Ary dos Santos... Mas conheço felizmente n seguidores.

Isabel Seixas

Francisco disse...

O gosto lusitano está a milhas dos padrões mínimos aceites consensualmente no resto da Europa. A originalidade do grupo poderia ter sido melhor explorada, mas o que interessava aos "lutadores" era apenas a promoção interna que a ida ao Festival lhes daria. Em resumo, aquela pessegada não ajudou o nosso país.

Helena Sacadura Cabral disse...

Nesta altura do campeonato das dificuldades nacionais era mesmo "os homens da luta" a canção mais indicada para nos representar!
Haja paciência para estas "inteligentes" formas de nos darmos a conhecer...

Fada do bosque disse...

"Tenho "gritado" através dos meus livros e por todos os Países por onde passo, que quanto mais baixo o nível de educação, maior é e será, o papel da psiquiatria" Augusto Cury

Anónimo disse...

Foi a maior vergonha de todos os tempos, nunca nenhuma canção representou um país, Portugal deve setir-se envergonhado.
Pela qualidade, isto já não falando no teor da mesma, uma canção marxista, esta foi demais.

patricio branco disse...

há 3 anos a espanha selecionou para a eurovisão uma canção cantada por um chikili cuatro, ou algo assim, que era extremamente ridicula. Uma especie de loucura absurda, mas tinham muitas esperanças que ia vencer. Pois caiu totalmente no ridiculo, ficou em ultimo lugar e nunca mais se ouviu falar do artista interprete.
Há de facto que ter cuidado com a imagem internacional que damos. Nunca nos apresentarmos como um país que quase não tem/registou patentes apesar de ter inventado a massa tenra!

Anónimo disse...

Meu caro Embaixador,

É o povo que temos! O problema é que não o podemos substituir! Temos que viver com ele! Para o bem e para o mal! Conscientes de que também dele fazemos parte!

Luís Costa Correia disse...

Caríssimo Amigo -

Infelizmente o bom gosto leva algum - bastante - tempo a ser adquirido, quer em Portugal, quer nos restantes países que enviam "representantes" ao festival em causa.

As organizações que em Portugal seleccionarem o grupo da "Luta" e a respectiva canção foram muito além das restantes em matéria de gosto, pelo que lhe manifesto o meu vivo apreço pelo desassombro que outros dos seus pares não teriam caso se tivessem pronunciado em tal matéria.

Teofilo M. disse...

Como eu o entendo, este nivelamento por baixo está a tornar-se típico desta nossa sociedade cada vez mais longe da Europa das luzes, mau grado continuarmos a ter por cá alguns holofotes que, felizmente, teimam em deixar-se apagar.

(c) P.A.S. Pedro Almeida Sande disse...

Decididamente não me identifico (nem a grande maioria do povo Português) com a Europa de... Dominique Strauss-Kahn.
A Europa daqueles que rapidamente esquecem as suas raízes e que se acobertam num cinismo requentado e de desprezo pelas dificuldades que causam aos povo. Que se julgam Deuses na Terra e que desprezam, cobardemente, aquilo que já foram. Como é bom o "estatuto" de sermos mais iguais que outros. Continua a Europa e o Mundo no nós e os outros, nós os que saltamos os degraus ou apanhámos o elevador social (nem que seja à custa da miséria dos outros ou de pálidas democracias) e que vemos o mundo pelas palas e vidros foscos dos nossos Porsches de gama. A Luta é decididamente nestes tempos de confusão muito pouco socialista! O povo, mesmo aquele que não apanhou o elevador social mas apanhou o elevador da formação, é que ainda vive num mundo de fantasia! Aprende-se pouco com a história!

Luís Costa Correia disse...

Houve uma gralha, creio que evidente, no meu comentário: onde escrevi "foram muito além das restantes em matéria de gosto", deveria ter-se lido, em vez "gosto", mau gosto" ...

Anónimo disse...

Também vou tentando compreender tão miserável imagem, quer da música portuguesa, quer do que, aparentemente tão ilustres artólas, terão querido fazer troça e acabo por admitir que, finalmente devo ser analfabeto ou nem sequer português, já que, se tivesse sido sondado, também não teria eleito Salazar como maior português de todos os tempos…
É triste... enfim!
FS

diogo disse...

e , para mim , o mais grave é que eles nem têm idade para terem vivido a época do " pá" . devem ter visto no Youtube e acharam graça

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