sexta-feira, dezembro 02, 2011

Negociar na Europa

O ministro dos Negócios Estrangeiros português referiu, há poucas horas, a necessidade da complexa negociação que aí vem, sobre a reforma dos tratados europeus, dever ser objeto de uma "frente" política interna de elevado consenso, que permita ao Estado português garantir, no plano externo, uma voz comum que potencie o seu espaço de manobra.

O projeto europeu nunca teve uma leitura unívoca em Portugal. Não obstante a opção europeia ser historicamente objeto de uma atitude maioritariamente favorável no nosso país, setores houve que sempre se mostraram reticentes a certas políticas europeias ou ao modo como elas eram acompanhadas por Lisboa. Sei do que falo, porque, durante mais de meia década, passei longas horas na Assembleia da República a apresentar a  política europeia que era encarregado de defender, sendo regularmente confrontado, no jogo democrático interno, com posturas críticas do modo como então a dirigíamos. Em todo esse período, porém, com maior ou menor dificuldade, foi sempre possível garantir um diálogo construtivo com aqueles que, tendo divergências no pormenor, se mostravam de acordo com o essencial. E, sem limitar o espaço de afirmação das naturais diferenças, conseguiu-se projetar essas linhas comuns, não apenas nas fase decisivas das principais negociação mas, igualmente, nos processos internos de ratificação parlamentar.

Tais negociações, que então envolveram dois tratados - Amesterdão e Nice -, não tinham, há que reconhecê-lo, a delicadeza quase "existencial" daquela com que Portugal se vai confrontar daqui a pouco tempo, a qual pode representar uma mudança do paradigma europeu e, muito provavelmente, da própria natureza da União. Como há dias tive ocasião de referir publicamente em Lisboa (ver mais abaixo), dá-se o acaso infeliz dela ter lugar num momento de alguma fragilidade da posição do nosso país, por virtude do processo de ajuda externa de que estamos dependentes, o que torna a questão ainda de muito maior sensibilidade.

Por esse conjunto complexo de razões conjunturais, é decisivo, agora mais do que nunca, que Portugal se apresente nessa negociação com o mais alargado consenso que o diálogo político interno torne possível desenhar, com vista a maximizar a nossa influência, num esforço que é imperativo que inclua um a atuação conjugada no seio das grandes formações políticas europeias em que os partidos portugueses de matriz europeísta estão integrados.

4 comentários:

Anónimo disse...

A proxima semana vai ser decisiva para respirar-mos um pouco mais , mas continuaremos ligados à máquina!

On Monday, new Italian Prime Minister Mario Monti will unveil an austerity and growth package, which could embrace many of the reforms that Germany and others demanded, Chandler said. On Wednesday, the European Central Bank will hold the first dollar auction under the new and lower rates. Also on Wednesday, the Greek parliament is expected to approve the 2012 budget cuts that are necessary to ensure that the next tranche of aid gets paid. Then there will be a meeting of conservative leaders in Europe, ahead of the Dec. 9 EU summit. “Headline risk can be great,” he said.

O que vai acontecer é que a Dona Merkel irá exigir a perda de soberania nas politicas fiscais de cada Estado e portanto, todas as constituições de cada estado membro vão ser riscadas!

Portugal sairá mais uma vez queimado , apesar da falinhas mansas e das diplomacias de conveniência. Para que o Bnaco Central ajude na liquidez do Sistema , imprimindo moeda e comprando os titulos de divida publica é preciso que as Finaças e politicas económicas de cada país sejam controladas desde Bruzelas!

É o jogo da dialética Engeliana. Depois do Caos vem a ordem !
Vamos ser agarrados pelos "huevos".

NO dia 9 vai sair um novo consenço sobre as politicas fiscais europeias e lá iremos passar o natal com menos ansiedade que voltará logo em janeiro quando o congresso americano não aprovar o financiamento do FMI que terá que financiar a Itália e não tem dinehiro para isso!
Caro Embaixador , aconselho-o a ver este video sobre o filme "rollover" que foi realizado em 1981, numa altura em que se falava pouco em conspirações e se estava em plena guerra Irão-Iraque
e ñós ainda não estavamos na Europa!

http://www.youtube.com/watch?v=KUsj7EdZigM&feature=player_embedded


Interessante, não é ?

OGman

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro OGman: agora perdi-me... explique lá o que é a "dialética Engeliana"!

Anónimo disse...

Caro Embaixador, agora fez-me rir !!! Era do Hengel que me referia , mas vai dar quase ao mesmo!

Da wikipédia:

Afinal, Hegel era crítico das filosofias claras e distintas, uma vez que, para ele, o negativo era constitutivo da ontologia. Neste sentido, a clareza não seria adequada para conceituar o objeto. Introduziu um sistema para compreender a história da filosofia e do mundo mesmo, chamado geralmente dialética: uma progressão na qual cada movimento sucessivo surge como solução das contradições inerentes ao movimento anterior.

Esta teoria ficou conhecida pela TESE+ANTITESE=SINTESE

Todo o debate politico/social/economico segue esta regra como o meu caro deve estar careca de saber !
Dai o meu riso !

Relativamente à situação económica da europa, criou-se um problema: Paises com demasiada divida para aquilo que produzem .

Depois , reagiu-se e criou-se outro problema: Os paises nessas situações tem que aceitar a ajuda do FMI e aumentar impostos e destruir ainda mais as suas debeis economias.

Resultado disto são as convulsões socias e violência urbana incontrolável : Então , surge a solução : Revisão dos tratados ; Perda de soberania sobre politicas fiscais ! Ou seja, Ministério das Finanças deixa de reportar ao 1º ministro, para reportar a Bruxelas.

Os cidadãos nacionais, perdem imediatamente direitos e tornam-se servos de um sistema para o qual não votaram. Chama-se a isso a "Nova Democracia".

Em latim este sistema é descrito assim: Caos ab Order !

Palavras que o meu caro Embaixador já viu escrita em alguns simbolos algures, com certeza!

Vamos esperar para ver o que vai acontecer no dia 9 !!!
Vai ver que os mercados vão responder com euforia e vai toda a gente ficar mais contente,mas por pouco tempo !

Divida não se paga com mais divida!!Tem que ser com o corpinho e os Portugueses, Gregos , Italinaos e Espanhois, vão sentir-lo na pele!

Um grande abraço
OGman

Nuno Sotto Mayor Ferrao disse...

Caríssimo Embaixador Francisco Seixas da Costa,

Fiz link deste “post” na última atualização do meu blogue.

Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt

Os EUA, a ONU e Gaza

Ver aqui .