sexta-feira, novembro 18, 2016

Gastronomia


Na próxima semana, a Academia Portuguesa de Gastronomia comemorará os seus 25 anos de existência. Criada sob a direção de Jorge Gonçalves Pereira, a APG é hoje dirigida por essa personalidade referencial da gastronomia portuguesa que é José Bento dos Santos – uma figura que o país conhece dos livros e das televisões, um homem que tem dedicado grande parte da sua vida a promover os valores da nossa cultura gastronómica, com os vinhos como parte integrante da mesma. 


A Academia, de um modo discreto, sem o menor apoio público, tem levado a cabo um persistente trabalho de identificação de “boas práticas”, destacando a valia dos profissionais do setor da restauração, premiando as melhores obras publicadas e, em particular, procurando apoiar quantos se distinguem na preservação e promoção dos valores da tradição culinária portuguesa.


Em Portugal, só nos últimos anos é que a gastronomia começou a ganhar um estatuto cultural mais firmado. Por muito tempo, foi vista como um passatempo de comilões, de epicuristas ociosos, de folgazões com apetite. Ora a gastronomia vai muito para além disso, releva das culturas regionais, insere-se nas produções agrícolas locais, é hoje um instrumento essencial na promoção turística, com um impacto económico fortíssimo. Basta ver aquilo que países como a França ou a Espanha fazem neste domínio, com reflexos à escala global, para se perceber o extraordinário potencial daquilo que entre nós já existe.


Portugal vive um momento raro na exposição internacional da sua gastronomia. Chefes portugueses começam a ser conhecidos internacionalmente, organizam-se programas turísticos centrados na oferta da nossa restauração, os excelentes vinhos portugueses servem de eixo promocional e, cada vez mais, os nossos restaurantes de qualidade surgem destacados nas principais publicações que atraem os visitantes. Portugal, como é sabido, está internacionalmente “na moda” e o seu tecido de oferta gastronómica tem muito a ver com isso.


Mas a gastronomia é também a arte de alimentar de forma saudável, pelo que uma melhor educação nesse domínio é hoje tida por essencial, como forma de combater hábitos pouco convenientes e desenvolver nesse domínio uma consciência atenta, que deve começar nas escolas.


Portugal, onde hoje se pratica uma “dieta mediterrânica” muito variada, com um toque atlântico, é o primeiro consumidor de peixe “per capita” da Europa (e o terceiro do mundo), pelo que parte de uma base muito interessante para poder garantir, a prazo, uma posição destacada na promoção e desenvolvimento de programas para uma alimentação racional e saudável.


Apoiar e promover a gastronomia portuguesa é uma tarefa da maior importância para o futuro do país.

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