Poucas coisas me enojam mais, nos dias desta União Europeia que parece ter já perdido um mínimo de decência, do que ver a sanha virulenta contra quantos defendem os palestinos e o cobarde silêncio perante o genocídio a céu aberto que Israel vai cometendo em Gaza, hora após hora.
duas ou três coisas
notas pouco diárias de Francisco Seixas da Costa
sexta-feira, maio 02, 2025
quinta-feira, maio 01, 2025
quarta-feira, abril 30, 2025
Trump na "Visão"
A excelente revista "Visão", que atravessa um momento económico difícil, que tem posto à prova o profissionalismo e espírito de sacrifício dos seus trabalhadores, convidou-me para contribuir, para o seu número "comemorativo" dos 100 dias da segunda presidência Trump, com um artigo em que recordo a ação externa da América sob a sua liderança.
terça-feira, abril 29, 2025
segunda-feira, abril 28, 2025
Culpados
O mundo mudou muito. Antes, ouvia-se "a culpa é do Passos". Agora, como hoje aconteceu, ouve-se "a culpa é do Putin".
São todos iguais?
Quando alguém surgir a comparar o extremismo de direita ao da esquerda (e, claro, esse alguém, por uma regra infalível, será sempre uma pessoa de direita), convirá mostrar-lhes as imagens dos arruaceiros "nacionalistas" do último 25 de Abril.
domingo, abril 27, 2025
sábado, abril 26, 2025
Arquite(c)tura
Sobre o papa
Nada me liga às crenças religiosas, salvo um batismo por que não fui responsável (e de onde, aliás, rezam as crónicas familiares, saí com uma pneumonia de que me salvei à justa). Mas, naturalmente, sou tributário de um "template" moral marcado pelos princípios católicos, como a esmagadora maioria dos portugueses. Grande parte das pessoas que me são próximas definem-se (mais ou menos) como católicas, respeito as suas convicções e reconheço, porque é uma evidência, o importante papel institucional da igreja católica na sociedade portuguesa. Aliás, muitas das melhores pessoas que conheço são católicas. No entanto, isso não me impede de continuar a olhar, com escandalizada estupefação, para a circunstância da igreja católica acolher alegremente, sem os estigmatizar e denunciar, como me pareceria natural, quantos dos seus ditos "fiéis" que, no seu dia-a-dia, se comportam à persistente revelia dos seus princípios. E há imensos! A igreja pode, com isso, continuar a assegurar paletes de prosélitos, mas desqualifica-se como referente ético. Mas, na realidade, nada tenho a ver com isso, não são eu quem gere essas regras, sou e serei sempre "de outra freguesia"!
Oportunismo
A listagem feita por Montenegro, no debate com Ventura, dos pontos da agenda do Chega que o PSD tinha acomodado neste seu ano e picos de governo, somada à desculpa esfarrapada para conseguir falhar - logo este ano, com eleições à porta - a festa do 25 de Abril, até chegar ao comunicado miserável, onde a extrema-direita nunca é referida, sobre os incidentes no Rossio, tudo isto rima lindamente com a imagem de um primeiro-ministro que quis ser visto sem cravo na cerimónia em S. Bento (qual Nuno Melo). Isto é tudo tão óbvio, não é?
Hoje é 26 de abril
Por muitos anos que viva, não tendo pessoalmente sido vítima da repressão fascista, nem tendo desenvolvido atividade política com grande risco, nunca deixarei de agradecer a sacrifício de quantos desafiaram a ditadura para hoje podermos ter a sociedade livre em que vivemos.
Clique aqui e, se estiver de boa fé, reflita.
sexta-feira, abril 25, 2025
A direita e a democracia
Orgulho-me de fazer parte de uma geração política que acha perfeitamente natural que, nesta data, e ao contrário de mim, muitas pessoas não andem de cravo ao peito. Há uma grande parte da direita portuguesa que ainda não conseguiu perceber que o 25 de Abril também se fez para ela existir em democracia.
Não estava sol. Hoje está
Saque
Um dos possíveis resultados do conflito na Ucrânia pode vir a ter impacto no significado de um conceito económico muito comum: todos passaremos a olhar de modo diferente para a expressão "direitos especiais de saque"...
Ucrânia
O "fumo branco" pode estar prestes a surgir na Ucrânia. Trump poderia "oferecer" o reconhecimento da soberania russa da Crimeia e Moscovo "aceitaria" o congelamento da linha da frente atual. Qual será a reação da Ucrânia? E dos europeus? E os contratos económicos?
Zakaria
Fareed Zakaria, que semanalmente faz o excelente GPS na CNN, está a mudar o tom, em especial no seu "take" inicial. Trump começa a ser demais para a sua paciência. Não é fácil fazer jornalismo na América de hoje.
Brasil
No Brasil, Collor de Melo foi preso. Não é surpresa. O antigo presidente irá cumprir sentença transitada em julgado. Este ato como que prepara o ambiente para a provável detenção de Bolsonaro. O momento é tenso: ter ex-presidentes na cadeia é "barra pesada" para qualquer país.
Chega?
Como tinha prometido a mim mesmo, vi o debate Montenegro - Ventura. Montenegro deve um imenso agradecimento ao PS. Foram aos socialistas, ao obrigá-lo a colar-se ao "não-é-não", que permitiram que ele hoje consiga sustentar um forte discurso anti-Chega. Chega para ganhar?
quinta-feira, abril 24, 2025
Tropa
A olhar a alguns exemplos europeus que já se conhecem, a liberalidade orçamental que os Estados vão ter para excederem o défice para despesas militares vai ser um forrobodó para alimentar as "shopping lists" dos ramos. Uma prova de impacto na eficiência devia ser a regra.
Viva o 25 de Abril!
O governo não se mostra interessado em festejar o 25 de Abril? É o que menos me importa. O 25 de Abril é a festa do povo. Por muito polémica que a ideia possa ser, eu até dispensava a sessão de palradores na Assembleia da República, um mero ringue de polémica sobre a conjuntura.
"A Arte da Guerra"
Desta vez, inevitavelmente, falamos da morte e substituição do papa, das eleições legislativas no Canadá e da agenda internacional de Trump, com o Irão sob especial atenção.
Durante as próximas três semanas, pela conjugação de limitações pessoais conjunturais dos intervenientes no programa, não haverá "A Arte da Guerra".
Regressaremos no dia 22 de maio, esperando vir então a encontrar o mundo num ambiente de "paz e amor"...
Até lá, pode ver o podcast aqui.
Justiças
Convém que fique muito claro que não são os portugueses que devem ser obrigados a repetir, num mantra politicamente correto, que acreditam cegamente na justiça da Justiça que o Estado lhe serve. Pelo contrário, é a Justiça, "teúda e manteúda" pelo erário público, que tem de provar que é digna dessa confiança. É que, ao contrário do papa, que é infalível em matéria de fé, os operadores judiciais já provaram à saciedade terem a infalibilidade dos árbitros de futebol.
Papa
Nos últimos dias, fui simpaticamente convidado por três canais televisivos para ir lá falar sobre a morte do papa. Feliz ou infelizmente, ando numa roda-viva que me tem deixado tempo para muito pouco. Mas também é verdade que essa limitação acabou por dar um belo pretexto ao ateu que sou para não ir debitar umas inevitáveis platitudes àcerca do estimável senhor que agora faleceu. Pessoa por quem, diga-se em abono da verdade, eu alimentava uma sincera admiração. E como também não alinho no "totopapa", considero que a minha opinião sobre todo o assunto acaba por ser totalmente dispensável. Mas não deixo de ficar muito grato pela gentileza e insistência dos convites. Como diria o Eça, fazem o favor de me estimar.
quarta-feira, abril 23, 2025
A história proibida
Em 1912, a família mudou-se para Viana do Castelo, imagino que para melhorar a situação profissional do meu avô. A viagem, de Ponte de Lima até Viana, foi feita de barco. Com ele e com a mulher iam os seis filhos do casal, duas raparigas e quatro rapazes, um dos quais o meu pai, o benjamim da família, então com apenas dois anos. Para trás, em Ponte de Lima, o casal deixava enterrados dois filhos: um rapaz que morrera com quatro anos e uma rapariga, que só viveu 16 anos, e que era, ao que reza a nossa memória familiar, o "ai-jesus" do meu avô.
O meu avô era de uma família modesta, da Correlhã, uma aldeia às portas de Ponte de Lima. Foi ajudado nos estudos por uma pessoa local de posses, que apreciava as suas qualidades. Em Viana, chegou a Escrivão de Direito e montou escritório como Solicitador Encartado. Com a minha avô e os seis filhos, viveu numa bela casa brasonada, que veio a adquirir, em frente à doca de Viana, onde hoje está instalada a Fundação Maestro José Pedro.
A história quase poderia terminar aqui, com alguma brevidade narrativa. Bastaria dizer que, depois de 13 anos de vida em Viana, com a família, António Emílio morreu, súbita e prematuramente, no mês de abril de 1925.
Podia mesmo acrescentar que o seu desaparecimento criou um imenso problema económico à família, de quem era o único sustento. A minha avó Filomena ficou numa situação complicada, sem grandes meios de vida, embora tivesse herdado a grande casa onde todos viviam. À morte do chefe da família, só o filho mais velho trabalhava. Os restantes, com uma exceção, ainda estudavam. Perante o súbito infortúnio, a família uniu-se em torno da minha avô, de uma forma exemplar, numa atitude que se prolongaria, pelas suas quatro décadas de vida seguintes. Os filhos mais velhos foram-se empregando e ajudavam a minha avó no custeio da educação dos mais novos. As condições nunca permitiram, contudo, que qualquer deles tivesse chegado à universidade. Mas todos souberam dar a volta à vida e construir um futuro estável.
Chegado a este ponto, o leitor perguntará: mas, então, esta era a história proibida? Não, caro leitor, não era. Ela já aí vem.
Antes disso, deixem-me dizer que o meu avô António Emílio era um republicano dos quatro costados, membro da Maçonaria e ligado ao grupo político de Álvaro de Castro, um destacado dirigente anti-sidonista, que chegou à chefia do governo. Em Viana do Castelo, o meu avô António Emílio representava essa linha política e tinha forte atividade no distrito. Aquando da sublevação anti-republicana conhecida como "monarquia do Norte", António Emílio andou de armas na mão a combater, com êxito, os "talassas" que sonhavam com o regresso do antigo regime. Ao que se dizia lá por casa, não sendo politicamente um radical, alimentava uma atitude anti-clerical e distante da religião, a qual, muito provavelmente, terá tido uma influência duradoura nas ideias dos filhos, onde também nunca vi frutificar nenhuma réstea de reacionarismo. Em geral, os netos herdaram esses cromossomas políticos...
António Emílio seria, a acreditar na imagem que dele ficou na memória da família, uma figura de atitude bastante austera. O meu pai, que tinha já 15 anos aquando da sua morte, dizia que, ao contrário da eterna suavidade da minha avó, ele impunha um ambiente de disciplina familiar muito severo: "Não me recordo de nos ter dado alguma vez um beijo. Quando entrava em casa, criava-se à sua volta um ambiente de extremo respeito e até de algum temor. A tua avó recordava que ele tinha graça e era divertido. Mas não foi essa a imagem que deixou nos filhos".
Seria António Emílio assim mesmo, fora de casa? É que aqui começa outra história, uma história de vida diferente. Nesses 12 anos de existência em Viana, antes da sua morte - e já iremos ao modo como ele morreu -, o meu avô tinha criado uma existência paralela: a uma outra senhora, de quem, nesse período, veio a ter cinco filhos (uma das versões fala mesmo de sete), o meu avô montou uma casa em frente à Igreja Matriz de Viana. A distância entre as residências das duas famílias era de umas escassas centenas de metros, passível de ser percorrida em menos de dez minutos.
A memória divertida da nossa família regista um episódio em que a minha avó, a quem um dia teria chegado a informação dessa persistente aventura desviante do marido, o terá confrontado e pedido satisfações, em face da evidência da traição. Para o nosso património de tiradas "históricas" caseiras ficou a resposta dada por António Emílio, que não terá negado a evidência, à sua mulher Filomena: "Meninha, o teu lugar ninguém to tira!". Com esta frase "sossegante", o assunto terá ficado resolvido? Nunca saberemos.
Deixo para o fim o derradeiro episódio, o da morte do meu avô. Desde muito cedo que o meu pai me falava daquele momento traumático, que havia privado a família da pessoa que era seu sustentáculo fundamental: "O teu avô morreu com um súbito ataque cardíaco, no escritório onde estava a trabalhar, no piso térreo da casa. Era, provavelmente, algo congénito e quem sabe se nós não herdámos dele essa deficiência cardíaca". Como sou um incorrigível hipocondríaco, andei por muito tempo preocupado com essa possível doença familiar. Até um dia.
Um dia, falando com o meu primo direito, Carlos Eurico da Costa, uns bons anos mais velho do que eu, sobre a morte do nosso avô, referi-lhe o modo como o meu pai falava do assunto. O Carlos deu uma imensa gargalhada! E explicou-me que o meu pai, sendo o filho mais novo à hora da morte do pai, foi sempre deliberadamente poupado de parte da verdade, quanto às condições da morte do pai. Toda a família, incluindo todos os sobrinhos do meu pai, sabiam, há muito, que as coisas não se tinham passado "bem assim". E eu, por tabela, tinha sido mantido fora dessa parte da verdade. "Não vás agora contar ao teu pai, que, desde 1925, alimenta a versão diferente do facto que os irmãos lhe "venderam", mas o nosso avô morreu no decurso de um ato sexual com uma senhora com quem se encontrava no escritório. Foi do coração? Talvez! Ele tinha um largo coração, como os factos vieram a provar..." O meu pai, até ao final dos seus 97 anos de vida, acabou por nunca saber das condições que envolveram a morte do meu avô.
Foi há cem anos, por estes dias, em Viana, que perdi o avô que nunca cheguei a conhecer e cuja vida, como se vê, foi bem agitada e, quero imaginar, bem divertida.
terça-feira, abril 22, 2025
Hondt
A demagogia que por aí anda, sobre os votos que estarão a ser "perdidos" nas eleições legislativas, fruto do método de Hondt, tem por objetivo fomentar a "balcanização" partidária, tornando mais difícil a obtenção de maiorias. É importante alertar para esta irresponsabilidade.
A república dos pijamas
O prémio Nobel da Economia, Paul Krugman, recordou há dias uma definição ouvida a José Silva Lopes, que lhe explicou, nos anos 70, a dramática dependência de Portugal da indústria têxtil: "Nós não somos uma república das bananas, somos uma república dos pijamas".
Tolentino
Tenho o maior respeito pelo cardeal Tolentino. Contudo, não tendo qualificações de "vaticanólogo", interrogo-me sobre se a insistência da nossa comunicação social no nome do cardeal português como "papabile" tem algum fundamento sólido, para além de "wishful thinking" patriótico.
segunda-feira, abril 21, 2025
Francisco e o San Lorenzo
Passei há minutos junto ao espaço que foi o antigo Estádio do Lima, no Porto. E - logo verão porquê - lembrei-me do papa Francisco, que hoje deixou o mundo.
domingo, abril 20, 2025
O que aí pode vir
Desde o início da guerra na Ucrânia, o discurso de alguns por cá passou sempre por um esforçado otimismo, quase mimético do de Moscovo: desde 2022, a Rússia terá estado sempre numa posição relativamente confortável, as suas forças armadas terão conseguido grandes sucessos no terreno, a sua economia manteve-se sólida, contra todas as expetativas, não obstante as sanções e as tentativas de isolamento que o mundo ocidental procurou promover.
Fui acompanhando com curiosidade este discurso que, deliberadamente, pareceu esquecer que a "performance" militar russa esteve muito longe daquilo que era expectável de uma potência que, ao que se dizia, tinha passado por um processo profundo de investimento em modernização militar, durante mais uma década. Era assim estranho que o poder efetivo das forças de Moscovo tivesse estado bem distante daquilo que seria de aguardar. As centenas de milhares de baixas em combate, as destruições maciças de material militar que veio a registar, a limitação dos ganhos territoriais no espaço ucraniano - tudo isto prova que alguma coisa correu muito mal no planeamento russo.
Desde logo, e para começar, a possível ilusão de que o regime de Kiev iria colapsar em escasso tempo, somada ao óbvio erro de que a Europa, porque dependente energeticamente da Rússia e seguramente pouco motivada para alimentar uma guerra em terra alheia, acabaria por se dividir a prazo. Finalmente, a ideia de que os EUA, humilhados no Afeganistão, não quereriam comprar tão cedo outras guerras, mesmo feitas por "proxies". As coisas não só não correram bem assim, como não correram mesmo nada bem.
Esses tais otimistas caseiros, sem surpresas, foram acompanhando a narrativa de Moscovo: perante as evidências, reciclaram os seus argumentos, justificaram os desaires da Rússia com o poderio da frente ocidental que passou a apoiar desmesuradamente a Ucrânia em termos militares. Se, ao fim de três anos de guerra intensa, ainda não tinham sequer conseguido dominar todo o Donbass, isso era um detalhe. E se as "nacionalizadas" Kherson e Zaporíjia estavam longe de estar totalmente ocupadas, e Odessa era vista apenas por um canudo, nada disso era decisivo. Tinham tempo e gente para morrer. E rezavam pelo regresso de Trump.
Quando Trump chegou, sem surpresas, deixou claro que a Rússia não estava no topo das suas preocupações estratégicas, que não queria arriscar com o caso ucraniano um conflito que poderia vir a ter um preço nuclear. Na Ucrânia, queria apenas recuperar o "investimento". A China e o Irão (por causa de Israel) estavam no radar prioritário de Washington. O novo dono da Casa Branca tornou muito evidente que não estava disponível para partilhar a obsessão securitária que atravessava a Europa e, em especial - e isto continua cada vez mais evidente -, que não contassem com ele para proteger qualquer aventureirismo europeu face à Rússia, a promover na Ucrânia. Em outras palavras: o Artigo 5° da NATO deixava de se aplicar se os europeus atravessassem as linhas vermelhas de Moscovo. Ficavam por sua conta, risco e armas.
Marco Rubio terá vindo à Europa dizer mais ou menos isto, com Trump irritado por ver o velho continente a estimular a resistência de Zelensky à entrega dos pontos. E prestes a perder a paciência, tanto mais que ia perdendo a face - afinal, iam ser necessários mais do que dois dias para "fechar" a guerra na Ucrânia. Ou não.
A meu ver, entramos agora no tempo mais perigoso: aquele em que os europeus, em desespero estratégico e órfãos da América, acham que podem fazer das suas fraquezas forças. O discurso jingoísta de Bruxelas ecoa o temor dos Bálticos, pela voz de Kaja Kallas. Afinal, e de outra forma, a Europa também não quer perder o "investimento" que fez na Ucrânia. E em Zelensky.
Nestas condições de pressão e temperatura, não me admiraria se a Rússia pudesse achar que, sem os americanos por detrás da Europa, e com esta ainda indecisa nas suas eternas cimeiras, se pode dar ao luxo de voltar a pisar algum risco. Com Biden ou Trump, os EUA eram, de qualquer forma, os adultos na sala da Europa. Agora, com a nossa senhora de Bruxelas a soltar os cordões militares aos orçamentos nacionais, com dois mini-poderes globais entretidos a contar ogivas, com um terceiro a aproveitar a novidade da sua nova cara para se auto-absolver da eterna vergonha histórica (mas não em Gaza) e com três outros a porem-se já em bicos de pés, um deles mesmo aqui ao lado, temo francamente o pior. "And I mean it".
sábado, abril 19, 2025
sexta-feira, abril 18, 2025
Mais rigor, por favor
Custa-me ter de continuar a dizer isto, mas "tarifas", em português de Portugal, não são exatamente direitos aduaneiros - e é disso que estamos a falar quando falamos das decisões de Trump.
Zangas de um outro tempo
Em 1996, Isabel Mota e eu havíamos sido designados, por Marcelo Rebelo de Sousa e António Guterres, líder do PSD e primeiro-ministro, respetivamente, para mantermos um contacto regular sobre a Conferência Intergovernamental que estava a rever o Tratado de Maastricht, e que viria a resultar no Tratado de Amesterdão.
Eu representava o governo português nessa negociação e Isabel Mota, que fora secretária de Estado e conhecia bem os assuntos europeus, era o "focal point" do principal partido da oposição. Almoçávamos de quando em vez, procurando coordenar posições, com efeitos na atitude a assumir no seio das famílias políticas europeias a que o PS e o PSD pertenciam.
Mas os amigos, às vezes, são "forçados" a zangar-se. Um dia, Marcelo Rebelo de Sousa, referindo-se à condução da negociação, disse à imprensa uma coisa de que não gostei, tanto mais que eu era pessoalmente visado nesse seu comentário. Embora me não recorde exatamente do tema específico que motivou a polémica que se seguiria, tenho clara memória de que reagi, com veemência, à declaração do líder do PSD, numa resposta dada de imediato num telejornal, diretamente de Bruxelas.
Foi a vez do PSD também não gostar daquilo que eu disse e, através desta carta de Isabel Mota, decidiu "cortar relações" naquele domínio com o governo, tendo eu sido o pretexto. Tenho ideia de que Marques Mendes, então líder parlamentar, me atacou também na imprensa. Marcelo Rebelo de Sousa escreveu-me mesmo uma carta pessoal, a que respondi com outra, mas já não consegui encontrar nenhuma delas. Tenho pena: ajudar-me-ia a lembrar o "grave" motivo do dissídio...
Em compensação, há tempos, na limpeza de alguns raros papéis do passado que ainda andam cá por casa, encontrei esta missiva de Isabel Mota.
À distância, tudo isto não deixa de ter alguma graça. É assim que recordo o episódio, publicando esta carta e aproveitando para deixar um abraço amigo a Isabel Mota, Luís Marques Mendes e Marcelo Rebelo de Sousa.
Nomes
Uma "guerra" Pedro Nuno Santos já quase ganhou no país (e há muito se tinha imposto no PS): a do nome. "Pedro Nuno" soa bem e pode pegar. O "Luís" de Montenegro não cola, mesmo no ritmo apimbalhado do hino. Pode-se perder com dois nomes consonantes? Pode, mas Alberto João ganhou.
quinta-feira, abril 17, 2025
Memórias do João
Tentei ligar ao João, mas ele, que ia a guiar para casa, não atendia. Liguei ao filho, também João, na altura ministro da Defesa, procurando a sua ajuda. Pedi desculpa pelo "abuso" de estar a incomodar um membro do governo. O João filho, com bonomia, respondeu-me: "São estas situações que colocam à prova a utilidade da Defesa...". No final da noite, tudo se combinou e, no dia seguinte, desfez-se a confusão, connosco a encontrarmo-nos junto à Assembleia. Pergunto-me hoje se não foi essa a última vez que estive com o João Cravinho.
A morte do João Cravinho traz-me muitas memórias com ele. Desde logo, uma chamada telefónica que um dia me fez: "Meu caro Francisco. Já viu o cartaz em que nós contracenamos no Trindade?" Eu não tinha visto e, devo dizer com sinceridade, era para mim um privilégio "subir ao palco" com o João Cravinho, embora separados pela distância temporal de uma semana, para proferir conferências naquele teatro.
Deixo, como última recordação, o texto que, há oito anos, redigi para o livro comemorativo dos seus 80 anos.
Acabo com as palavras que ontem deixei na RTP sobre o meu amigo João Cravinho. Junto um abraço de muito pesar ao filho João e um beijo à Isabel.
quarta-feira, abril 16, 2025
Argélia
França e Argélia mantêm entre si uma das mais complexas relações pós-coloniais da História. Nos vários ciclos políticos, o mal-estar foi uma constante, até chegar ao momento de pré- rutura que hoje se vive. E o território da Argélia chegou a fazer parte das Comunidades Europeias!
Há uma boa síntese hoje no "Le Monde": "Fruit d’une imbrication entre mémoire coloniale, héritages migratoires, passerelles économiques, intérêts stratégiques et convulsions identitaires de chaque côté, la connexion entre la France et l’Algérie est un écheveau infiniment compliqué à manier".
Trump
Às vezes, chovia
(Texto aqui publicado em outubro de 2016, quando passaram alguns meses sem que chovesse ou ventasse em Lisboa. Mas já ninguém se lembra disso!)
terça-feira, abril 15, 2025
Clube de Lisboa
segunda-feira, abril 14, 2025
Vargas Llosa
Proibir
domingo, abril 13, 2025
Por estas horas
Voto
Não, não preciso de ver debates televisivos para saber, sem a menor sombra de dúvida, em quem vou votar nas próximas eleições, com o claro objetivo de mudar para um governo que seja bem diferente do atual. Mas percebo muito bem que quem estiver hesitante pondere o destino do seu voto à luz dos debates.
sábado, abril 12, 2025
Debates
Ainda não vai ser desta que arranjo pachorra para ver debates eleitorais. Talvez apenas o Ventura - Montenegro. Mais não consigo, confesso. Mas nem isso garanto! Os meus amigos não me percebem. E eu até os percebo. Mas que hei-de fazer?!
Roissy
sexta-feira, abril 11, 2025
quinta-feira, abril 10, 2025
quarta-feira, abril 09, 2025
Trump
Trump baixou a bolinha. As fortes reações dentro dos EUA às insanas medidas aduaneiras obrigaram-no a recuar, salvo quanto à China, conhecida "bête noire" da América de todas as cores. Os trumpófilos, tomando-nos por parvos, vão dizer que foi "recuo programado". Pois, pois...
terça-feira, abril 08, 2025
Nojo
Poucas coisas me enojam mais, nos dias desta União Europeia que parece ter já perdido um mínimo de decência, do que ver a sanha virulenta co...