segunda-feira, fevereiro 27, 2017

Gerald Kaufman


Gerald Kaufman, que acabo de saber que morreu ontem, aos 86 anos, era o "shadow Foreign Secretary" ao tempo em que Neil Kinnock era líder da oposição trabalhista. Eu vivia em Londres nesse período e seguia com atenção as prestações de Kaufman, uma voz muito respeitada, num período complexo para a construção de uma alternativa a Margareth Thatcher, que demoraria algum tempo a concretizar-se. Quando isso ocorreu, já sob a liderança de Tony Blair, Kaufman não seria escolhido para liderar a diplomacia britânica, tarefa que coube a Robin Cook. Recordo ainda que é dele a magnífica e assassina frase com que qualificou o programa esquerdista de Michael Foot, em 1983: "the longest suicide note in History".

Como se sabe, na terminologia britânica, os Ministros são designados por "Secretary of State" e aquiles a quem entre nós chamamos Secretários de Estado são apelidados de "Minister", o que muitas vezes confunde a nossa imprensa.

Kaufman tivera funções govenativas num anterior governo trabalhista e havia escrito, já em 1980, um curioso livro sobre o mundo da política governativa no Reino Unido, na relação entre os governantes e o "civil service". Esse livro tem por título "How to be a minister".

Um dia, estando no governo em Portugal como secretário de Estado, numa passagem por Londres, encontrei uma reedição do livro numa livraria e comprei-o. No avião para Lisboa, comecei a lê-lo. Os passageiros foram entrando e, como mais tarde vim a constatar, entre eles devia ir um jornalista. Porquê? Porque, uns dias mais tarde, numa daquelas colunas anónimas de imprensa tipo "Gente", lá vinha uma graça de que eu andava a ler um livro cujo título representava ambições que tinha... Enfim, a intriga, combinada com falta de cultura.   

3 comentários:

Anónimo disse...

Intrigas e quejandos sao tristes... Ouvi hoje de manha a noticia da morte de Gerald Kaufman na Radio 4 (BBC). Entre outras notas interessantes fiquei a saber que contribuiu para o programa "That was the week that was" em 1962/63.Eu ainda nao andava por ca, nao ouvi mas varios amigos falam do programa com saudade. Vou pesquisar, Talvez encontre.

Saudacoes

F. Crabtree

Jaime Santos disse...

Pergunto-me se Corbyn vai quebrar o recorde e escrever uma nota de suicídio ainda mais longa. Mas suspeito que a sua posição dúbia durante a campanha do Referendo em que não defendeu a posição do seu Partido (em que não acreditava) com convicção, seguido do 'flip-flopping' pós-Referendo, em que começou a defender a Livre Circulação e o Mercado Único e acabou a entregar o processo negocial a Theresa May de mão beijada, já terão servido para lhe dar corda mais do que suficiente para se enforcar. Espero contudo que não arraste com ele o Labour, mas suspeito que o vai fazer mesmo...

Anónimo disse...

Então o que são os "Cabinet Ministers" ?

Maduro e a democracia

Ver aqui .